quarta-feira, dezembro 22, 2010

Diário de bordo


Passagem comprada. No destino só Budepeste desencorajava por não querer encontrar o diabo e aprender com ele o dialeto.
Não era pra ser uma partida. Se despediu da caixa da loja de conveniências e prometeu a ela uma ótima tarde, de coração.
É proibido fumar dentro do avião, à não ser que não te vejam. À não ser que não te vejam você pode fazer tudo. Mandar postcards de Notre-Dame enquanto está em Praga. E é isso que fará.
Não por um apreço doentio pela França, mas para instigar a imaginação de mais alguém além da dele.
O assento era com janela. Ia acompanhando os céus que cruzava e a cidade que mostrasse o mais bonito, bom, era ali que ficava.
Confiou na baboseira de destino e que o olfato de toda a tripulação fosse imune ao seu cigarro.
Reclinou, deitou. Compactuou pela paz reservada à cadeira 50x50cm com janela, oferecendo a ela seu sono.
Foi ali que os olhos se fecharam em uma overdose de emoções e de cigarro.
O diabo viria cortejá-lo para dizer que foi um bom rapaz. Terminaria ali sua última conversa, em húngaro, que classe!
Agora todos os céus eram dele. E qualquer postal que sugerisse o infinito serviria.

quinta-feira, agosto 05, 2010

Meus caros amigos,

Eu só queria vos dizer que aqui a coisa tá vermelha.
Aticei mais que a monoglota saudade, dei pirueta, toquei berimbau e fui parar tão longe que agora tenho que mandar notícias dessa vida.
É no verde amarelo que o show começa. Pingado de cachaça o Brasil se mostra cheio de variedade, um infinito rock and roll que tira a menina da janela e a leva pra praça donde dança com sapo até o boto cor-de-rosa.
Essa praça manda lembrança, dela até a próxima esquina é um caminho longo, bye bye, e não posso me furtar a dizer que vai ser barro e a coisa ficará marrom.
Sem se quer telefonar, com chuva e lama até as orelhas, vai engolindo o sapo que vem pela frente, e o boto. Ninguém segura esse botão...
Daí pra frente, meus amigos, é beijo na família, nas crianças, um cigarro no canto da boca, pulmão cinza, Adeus.

domingo, fevereiro 07, 2010

Boys are not like my hair


Acorda de um jeito, termina de outro. Os dois
Sobre o sol brilham, junto ao vento nos confundem em meio aquele cheiro que se camufla com do nosso corpo.
Nossos dedos se perdem a cada fio,a cada ondulação que é descoberta e não se diz mais intocada.
Completam a idéia da beleza feminina, é quase feio não querer pelo melhor.
Se rebelde, uma mão suave descendo da raiz até a ponta há de adaptar.
São as adaptações que diferenciam.
É cortar quando estão grandes de mais, é mudar de cor quantas vezes for, só por mudar, para variar.
É enrolar num coque em questão de segundos quando nos sufocam e nos passam a sensação de calor insuportável, usando só um pouquinho da habilidade feminina.
É jogar pro lado num leve balançar de pescoço, num jeito delicado, e não desmoralizante. Mostrando mais o nosso próprio rosto. Nossas impressões à mostra.
Meu cabelo não sente ser cortado, arrancado vorazmente pela minha mão ou de outro (menino).
Às vezes eu afogo meu cabelo, sem dó. Me afogo junto, sem dó.
E, mais ainda, a diferença é que às vezes, os meninos não crescem.

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